A tarde move-se mansamente e eu espero o impossível dessas folhas de papel, brancas e estéreis, expostas sobre a mesa de trabalho.
A energia criativa do instinto animal latente no homem, que o protege e escraviza, tenta me prender com fios de aço no mundo material. Porém, consigo esvaziar a mente ao debruçar-me no cenário dessa hora límpida e lírica... Meu espírito oscila na luz esmaecida do entardecer que agora escorre nas últimas horas desse dia fatigante.
No microcosmo humano, algo parece se abrir e tentar engolir-me o bom senso, para que eu não perceba esse delicado tempo de renovação...
Atentos, meus olhos fitam a mandala no quadro da parede da sala e as belezas do meu universo interior desabrocham na alma. Assim, reverente, elevo a consciência, implorando aos céus para me guardarem nessa redoma de silêncio até o anoitecer...
Shirley Brunelli Crestana